Amílcar Cabral foi assassinado há 49 anos.
Quarenta e nove anos passaram nesta quinta-feira, 20 de Janeiro de 2022, do assassínio de Amílcar Cabral o poeta, agrónomo, pensador, dirigente politico e estratega militar, que mudou diretamente a história moderna da Guiné-Bissau e Cabo Verde e indiretamente a do Império Colonial Português.
Para muitos historiadores e sociólogos que acompanharam e estudaram as lutas de Libertação em África, mas não só, Cabral foi um dos mais brilhantes e criativos de todos os dirigentes da luta de libertação dos povos africanos colonizados por Portugal.
O assassinato
As circunstâncias da morte de Amílcar Cabral ficarão provavelmente, para sempre, por esclarecer, considerando que a grande maioria dos poucos que na realidade conheciam “por dentro” todos os contornos do seu assassinato, já faleceram.
Quanto à “orquestração” do seu assassinato, entre a PIDE – a polícia política portuguesa de então – as fricções de Cabral com Sekou Touré, o primeiro presidente da Guine-Conacri e sobretudo as divergências internas no PAIGC, há várias opções e teorias
O que é certo é que foram dois companheiros de luta de Cabral, liderados por Inocêncio Kani, que dispararam sobre o líder do PAIGC em Conacri – à frente da sua mulher, Ana Maria – que como habitualmente não estava armado.
Segundo parece a pistola tinha ficado no porta luvas do velho Volkswagen em que se deslocava quando estava em Conacri.
Para além do mais, diz-se, que naquela noite tinha havido uma mudança nos guarda-costas e Cabral estava sem segurança.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) foi criado por Amílcar Cabral e outros, a 19 de Setembro de 1956, em Bissau e começou por agir na clandestinidade, com o propósito de terminar a colonização nos dois territórios, então, sob dominação colonial.
O massacre de Pidjiquiti
Um facto acelerou a decisão de encetar a via da Luta armada.
Em Agosto de 1959, a repressão violenta dos trabalhadores do porto de Bissau, o chamado massacre do Pidjiguiti pela PIDE, no qual foram assassinados dezenas de – em greve para exigir melhores salários – foi decisivo na opção da luta armada.
Durante os anos de clandestinidade e antes do início da Luta Armada, Amílcar Cabral quis encetar conversações com o governo de Salazar, através da ONU.
As propostas ficaram sem resposta por parte do chefe de governo de Portugal, de então.
Sem respostas por parte de Portugal, com as independências a acelerarem-se nas colónias francesas e britânicas, a 23 de Janeiro de 1963, inicia-se a luta armada de libertação nacional.
Em abril de 1972 uma missão das Nações Unidas realiza uma visita às regiões libertadas o que contribui para o reconhecimento internacional do PAIGC como representante legítimo do povo da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Em Janeiro de 1973, quando Cabral foi assassinado, as tropas coloniais portuguesas sofriam revezes sucessivos nos combates que se prosseguiam.
Meses depois em setembro de 1973 a Guiné-Bissau proclama, unilateralmente a sua independência de Portugal.
O 25 de Abril de 1974
Finalmente, com a guerra colonial perdida na Guiné-Bissau, o exército português derruba o regime salazarista e dá-se o 25 de Abril de 1974.
No seguimento, Portugal reconhece a Independência da Guiné-Bissau assim como o direito à Independência de todas as outras colónias.
Cabral, já não presenciou o 25 de Abril de 1974, mas para quem sempre considerou que o inimigo não era o povo português, antes pelo contrário, o aliado principal do povo da Guiné e de Cabo Verde e que a luta anticolonialista também libertava o colonizador, pode-se dizer que a Revolução dos Cravos, muito deve a Amílcar Cabral.
Sobre o caminho percorrido nestes 49 anos pelos dois países que se reclamam de Cabral, seguramente que outros farão a análise no dia de hoje.
Para terminar queremos recordar uma frase de Cabral que continua de grande atualidade:
“Se a independência não se traduzir no bem-estar do povo, então as palavras foram vãs”.
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Veja Também:
Guiné-Bissau: Madina de Boé, 24 de Setembro de 1973