OMS: O Ocidente que tanto criticou o DG Tedros, propõe o etíope para um segundo mandato
Recorde-se que o governo de Trump, em particular, mas também países Ocidentais tinham sido muito duros nas críticas ao DG da OMS nos primórdios da pandemia, chegando mesmo o ex-presidente Donald Trump a suspender a contribuição financeira americana à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na altura, o então chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, tinha afirmado que Washington queria “mudar radicalmente” o funcionamento da organização. “No passado, a OMS fez o seu trabalho. Mas desta vez, infelizmente, não”.
Portanto, foi com surpresa que caiu o anúncio da Alemanha nesta quarta-feira, 22 setembro 2021, a propor a candidatura para um segundo mandato, do atual diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, abrindo caminho para a sua provável reeleição.
“A Alemanha nomeia Tedros para um outro mandato”, indicou um porta-voz do Ministério da Saúde alemão.
O apoio oficial de um país é indispensável para se ser candidato à agência da ONU dedicada à saúde e Tedros, no cargo desde Julho de 2017, deve ser o único a concorrer à liderança da OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus tornou-se em 2017 o primeiro africano a assumir a liderança da poderosa agência das Nações Unidas, na primeira linha desde o início da pandemia da covid-19.
O diplomata ainda não anunciou oficialmente que se apresentará para um segundo mandato de cinco anos, mas fontes diplomáticas declararam que ele era candidato, segundo a agência France-Presse.
Embora deva conseguir o apoio de muitos membros da OMS, a candidatura de Tedros complicou-se desde que a Etiópia lhe retirou o seu apoio devido às suas declarações em relação ao conflito na sua região natal, o Tigray.
Os candidatos à direção deste organismo da ONU são geralmente designados pelo país de origem, embora tal não seja obrigatório.
A maioria dos observadores previa que o apoio oficial viesse de um país africano, pelo que o anúncio da Alemanha foi uma surpresa, ainda segundo a AFP.
Tedros irritou o governo de Adis Abeba ao utilizar por várias vezes a tribuna da OMS para condenar a repressão na sua região de origem.
Os Estados membros da OMS têm até às 16:00 TMG de quinta-feira, 23 setembro 2021, para designar os candidatos ao cargo de diretor-geral, mas os nomes só serão anunciados oficialmente no início de novembro 2021.